Olho para trás: nada do que já foi ainda é; restam apenas destroços. Olho para frente: encaro a incerteza nos olhos e o futuro se revela uma miragem; as ilusões desvanecem por completo. Olho ao meu redor e já não sei mais onde estou.
Pensar no tempo significa sentir o passado te abandonar, furtando-lhe o chão de seus pés e toda a concretude das verdades que constituíam sua realidade. É sentir o peso dos ponteiros e perceber que a infância jamais voltará, embora seu gosto nostálgico te impregne pelo resto da vida.
Foi com esta mesma dose de auto-honestidade que pude finalmente vislumbrar, nos meandros de um cotidiano embriagado de falsa estabilidade, um futuro vazio. A menos que algo seja feito em contrário, é para lá que rumo — para uma terra sem propósito, de solo estéril e insípido. Mas não! Não permitirei que o comodismo e a covardia me dominem. Se é para seguir os sonhos, que o façamos. Ainda que o custo seja alto, que pareça tarde, que a desaprovação seja grande. Não venderei minha alma ao demônio, tampouco me curvarei à tirania popular. Ao fim do dia, a aprovação última e também a mais importante será sempre a minha própria. Não permitirei que as traças corroam minha consciência por ter permanecido no erro evidente e inadiável, por ter cedido ao medo das dificuldades.
Pensar no tempo significa sentir o passado te abandonar, furtando-lhe o chão de seus pés e toda a concretude das verdades que constituíam sua realidade. É sentir o peso dos ponteiros e perceber que a infância jamais voltará, embora seu gosto nostálgico te impregne pelo resto da vida.
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Já senti a inequívoca sensação de estar nos últimos dias de minha vida. Todo o calor, o sentido e as cores haviam me desertado. Porém, voltar às origens me fez bem; fui recuperado pelo sol das quatro que abraçava minha pele e projetava suas sombras mornas dentro da casa onde cresci. Eu gostaria de dizer que foi algo temporário, mas nada é tão simples assim. Melhorar exigiu justamente que eu percebesse que aquilo não era passageiro: que nada ia voltar ao normal, pois o normal ficou para trás. Isto, esta coisa estranha e amórfica que restou, é a vida — e é nela que devo me estabelecer, não nas ruínas das zonas de conforto hoje inexistentes.Foi com esta mesma dose de auto-honestidade que pude finalmente vislumbrar, nos meandros de um cotidiano embriagado de falsa estabilidade, um futuro vazio. A menos que algo seja feito em contrário, é para lá que rumo — para uma terra sem propósito, de solo estéril e insípido. Mas não! Não permitirei que o comodismo e a covardia me dominem. Se é para seguir os sonhos, que o façamos. Ainda que o custo seja alto, que pareça tarde, que a desaprovação seja grande. Não venderei minha alma ao demônio, tampouco me curvarei à tirania popular. Ao fim do dia, a aprovação última e também a mais importante será sempre a minha própria. Não permitirei que as traças corroam minha consciência por ter permanecido no erro evidente e inadiável, por ter cedido ao medo das dificuldades.
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Olho ao meu redor. Continuo sem saber onde estou. Desta vez, porém, sou capaz de me orientar no escuro do desconhecido. Desta vez, sei para onde ir.