5 de out. de 2016

Silêncio


     Não escutamos. Nossa voz é silenciada por nossos próprios monólogos coletivos, indiferentes ao que o outro tem a dizer. Não nos olhamos nos olhos; cada um espera que a pessoa do outro lado da conversa seja uma plateia sedada, interessada na trama da nossa síndrome de protagonismo. Tudo em vão: palavras que desaguam no esgoto da existência, cúmplices da nossa desatenção. O único e verdadeiro espectador não é capaz de se manter atento, pois está ocupado demais atuando para um auditório vazio. Não escutamos: nem uns aos outros, nem a nós mesmos.